Uma
Tragédia Americana
Virou
quase coisa do dia a dia. Rambos modernos saem atirando em locais públicos,
matando e ferindo pessoas. Antes era uma raridade, comovia o país, virava
manchete durante todo o mês. Agora os tiroteios estão tão banalizados que, não
demora muito, vão para as páginas internas dos jornais. Não pensem que são
iguais aos nossos. A violência tupiniquim certamente tem raízes sociais, está
ligada a diferenças de classe, problemas de educação, etc. Não que queira
contar vantagem, porque nos dois casos não há vantagem nenhuma, só prejuízo. No
entanto está claro que os tiroteios americanos com certeza têm outras raízes. É
como se alguém tivesse aberto as portas de um grande hospício e os pacientes -
aqueles mais furiosos – estivessem soltos por aí comprando armas pesadas,
munição para depois começar a matança. Mas, espera aí, é permitido vender armas
para loucos? Aparentemente sim. O direito de vender e comprá-las é sagrado, é
algo com que não se brinca.
Nenhum político americano – mesmo aqueles que acham
isso um absurdo – ousa propor alguma legislação de controle. Não estou falando
de proibir a venda de armas comuns (..que
já são bem poderosas). Estamos falando de controlar armamento pesado e em
grande quantidade para uma mesma pessoa. Estamos falando de limitar a
quantidade de munição. Há pessoas que compram o suficiente para começar uma
pequena revolução. O político que for contra isso terá sua carreira
definitivamente encerrada. A verdade, nua e crua, é que nem seria necessária a
ação ( e eles agem bastante...) da poderosa Associação Nacional de Rifles para
manter o “status quo”. Na verdade, o próprio povo – em sua grande maioria – não
quer ninguém mexendo neste assunto. Quando há uma matança, há choro, vigílias e
tudo o mais, porém ninguém fala em fazer um movimento para prevenir este tipo
de comércio. Em todos esses casos a compra do equipamento sempre foi
absolutamente dentro da lei. Nenhum desses monstros – racistas de extrema
direita, ex-funcionários revoltados, maridos enfurecidos ou simplesmente doentes
mentais – precisou contrabandear ou usar o mercado paralelo para conseguir o
que queria. Tudo feito legalmente. Parece mentira mas é do jeito que o povo
quer e, como se diz, “a voz do povo é a voz de Deus”...Um momento, isto quer
dizer que Deus é a favor das armas..? Não sei não, mas acho que há algo de
estranho com esse ditado popular...
No comments:
Post a Comment