Pedro,
o pescador
Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer
E a Deus do céu vamos agradecer
Dorival Caymmi (Suíte do Pescador
Pedro, o pescador, olha para as águas
do mar. Pescar, não pesca mais, mas gosta de mirar o verde azul e as ondas que
vão e que vêm.Tem tristezas que não conta para ninguém, pois ninguém vai
senti-las do jeito que ele as sente.
Tanta coisa aconteceu. Coisas boas
também, mas muita tristeza. Os poetas olham os pescadores e o mar e fazem
poesia. Mas, para ser sincero, a coisa lá longe está mais para um teatro de
tragédia. Tanta gente boa morreu. Nunca se pode fazer um enterro decente. Tem
gente que diz que é até romântico para um marinheiro desaparecer no fundo das
águas do oceano, mas não é bem assim...Há mais outras coisas tristes, também.
Um grande barco de pesca, bateu nas rochas e
afundou. Seu irmão, junto com outros, morreu. Foi numa noite de tempestade, uma
grande escuridão. No dia seguinte, o sol da manhã, com sua luz ofuscante, era
até uma ofensa para sua dor. Foi há muito tempo, mas a dor que sente é a mesma.
Por capricho da natureza, ali as águas
são escuras e nada se pode ver. Muitas vezes teve vontade de mergulhar, tentar
achar uma lembrança, qualquer coisa.
A mãe deles nunca viu o corpo e por
isso, até morrer, achou que ele ia voltar. Acho que isso é ser mãe. Agora ela
morreu, não precisa esperar.
No comments:
Post a Comment