Sunday, August 11, 2013

Ariel Castro: Nos quintos dos infernos

Ariel Castro: Nos quintos dos infernos



Balões amarelos subiram no ar. Ao mesmo tempo, uma escavadeira gigante começava a demolir a casa onde Ariel Castro manteve três mulheres no cativeiro por mais de dez anos. Essa propriedade de Cleveland começou a ser conhecida como a “casa dos horrores”.  Um nome apropriado pelo que se sabe a respeito do que ocorreu. Ohio  já conheceu outros monstros, outros assassinos famosos. Há décadas acontecem coisas horríveis por lá.
A cessão da casa fez parte de um acordo que o “monstro” fez para se livrar da pena de morte e evitar um julgamento que se estenderia por semanas, causando certamente dor e sofrimento para as três vítimas. A pena foi prisão perpétua mais mil anos.
Inicialmente parece brincadeira. Se a prisão é perpétua, de que adianta se adicionarem mil anos? Em primeiro lugar, há uma explicação simbólica. O crime foi tão hediondo, que, se fosse possível,  ele deveria ficar preso mais um milênio, para haver uma melhor correspondência entre o crime e o castigo.
Talvez a promotoria tivesse algo diferente em mente, mas isso é pura especulação. Já pensou se Ariel, depois de morrer, com a ajuda do maligno, do rabudo, consegue ressuscitar? Ainda assim teria de voltar para a cadeia para cumprir o resto da pena, mil anos. Sempre é bom garantir. A outra hipótese é de que o juiz acredita em reencarnação. Com a idade que o réu tem, ainda que reencarnasse umas quinze vezes, teria de ir para a cadeia novamente, pelo resto de cada vida. Cada vida, uma prisão perpétua. Passaria do ano 3000 e poderia virar uma atração turística do futuro. Juntos com outros monstros seriam apresentados no Pavilhão “Horrores do Passado”, numa feira exótica. Estaria algemado, é claro. Existe ainda mais uma hipótese. E se ele chegar no inferno, e o dito cujo, o maldito, achar que ele exagerou nos seus crimes. Sabe, assim, como se estivesse querendo competir com o cujo. O coisa ruim não gosta de competição.  Assim sendo, o horrendo iria mandá-lo de volta.Sim, ele poderia voltar, mas teria de ficar mais mil anos preso por aqui, até que o demo esquecesse da traição do Ariel, o homem que queria competir com o maldito. O inferno também tem essas coisas de política. Não duvide. Existe gente que até desconfia  que é lá onde tudo nasceu.

Como disse, pura especulação. Talvez seja mesmo pura pressão psicológica, puro tormento. Saber que depois de passar a vida inteira lá num cubículo e morrer, ainda vai ficar devendo mil anos? É duro mesmo para um “coisa ruim” como ele. Existe ainda uma última hipóstese. Pela insensatez de seu crime, talvez depois de morrer ela tenha de ficar num inferno provisório, até começar a eternidade de fato, o fogo eterno. Lá nos quintos. Nos quintos dos infernos, não é assim que se diz?

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