Tuesday, February 4, 2014

Corações em pedaços

Corações em pedaços


Você precisava ver o ódio que aqueles dois espalhavam pelo ar. Pela porta aberta dava para ver e ouvir os dois discutindo. Apontava o dedo em riste para o marido, talvez namorado,  e o ameçava. Repetia incessantemente que era para ele sair imediatamente. Junto com a mensagem repetia também inúmeros palavrões, daqueles que não dá para a gente escrever. Tão horríveis eram os vocábulos que ela usava, que certamente não poderia voltar atrás.
Ele não deixava por menos. Chamava-a de epítetos que não se usam  para uma mulher. Chegou a empurrá-la de leve quando ela encostou o dedo em seu nariz. Nem chance havia de ser apenas uma visualização da canção  “Entre Tapas e Beijos” do sertanejo cantor, ou de ser uma cena de filme americano em que o casal, depois de quase se matar, acaba na cama. Não, senhor, aquilo era coisa feia.
Depois de esgotada a lista de insultos, ambos a repetiram mais uma vez. Depois ela começou a empurrá-lo para fora. Bateu a porta com força e continuou gritando. Ele também berrava, fazendo aquele conhecido sinal com o dedo. Ligou o carro e saiu cantando o pneu.
Fim de um amor que nunca existiu.

Eu lhe digo, com certeza, que às vezes, o amor é uma coisa feia, triste, horrenda, suja. Em verdade, em verdade, lhes digo: aquilo, então, não era amor, não senhor...

No comments:

Post a Comment