Corações
em pedaços
Você
precisava ver o ódio que aqueles dois espalhavam pelo ar. Pela porta aberta
dava para ver e ouvir os dois discutindo. Apontava o dedo em riste para o
marido, talvez namorado, e o ameçava.
Repetia incessantemente que era para ele sair imediatamente. Junto com a
mensagem repetia também inúmeros palavrões, daqueles que não dá para a gente
escrever. Tão horríveis eram os vocábulos que ela usava, que certamente não
poderia voltar atrás.
Ele
não deixava por menos. Chamava-a de epítetos que não se usam para uma mulher. Chegou a empurrá-la de leve
quando ela encostou o dedo em seu nariz. Nem chance havia de ser apenas uma
visualização da canção “Entre Tapas e
Beijos” do sertanejo cantor, ou de ser uma cena de filme americano em que o
casal, depois de quase se matar, acaba na cama. Não, senhor, aquilo era coisa
feia.
Depois
de esgotada a lista de insultos, ambos a repetiram mais uma vez. Depois ela começou
a empurrá-lo para fora. Bateu a porta com força e continuou gritando. Ele
também berrava, fazendo aquele conhecido sinal com o dedo. Ligou o carro e saiu
cantando o pneu.
Fim
de um amor que nunca existiu.
Eu
lhe digo, com certeza, que às vezes, o amor é uma coisa feia, triste, horrenda,
suja. Em verdade, em verdade, lhes digo: aquilo, então, não era amor, não
senhor...
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