A
batalha de Ryan, um soldado americano
Ryan
enfrentava combate de verdade pela segunda vez. Antes só havia sido treino.
Agora era sério, granadas explodindo, barulho de saraivada de balas. Não queria
arriscar mais do que o necessário, mas não tinha jeito. Não podia ficar ali
abaixado na trincheira emquanto seus colegas estavam atirando quase o tempo
todo. Pela terceira vez levantou-se e mirou
a metralhadora para o lado de onde vinham as rajadas inimigas e ficou um bom tempo disparando.
Abaixou-se
novamente porque o fogo inimigo aumentara muito. Foi aí que percebeu que, pelo
menos três de seus colegas, estavam ensanguentados e inertes no chão. Haviam
sido atingidos. Não havia nada que pudesse ser feito. Esperou um pouco,
precisava ter certeza de que teria condições de atirar novamente. Estava com
muito medo depois que descobriu que os companheiros estavam mortos. Finalmente juntou coragem e força, e tentou
se levantar. Foi então que percebeu que não conseguia. Passou a mão pelo rosto
e percebeu que havia sangue. Talvez tivesse vindo dos outros soldados que
tinham sido atingidos. Passou o braço direito pela face e pela testa. Havia muito
sangue, estava aumentando agora. E era seu. Estava claro que vinha do lado
direito de sua cabeça. Como não tinha percebido que estava ferido?
A
fúria do combate aumentou. Ouviam-se claramente gemidos de dor, gritos de
pavor. Mais pessoas haviam caído. Tudo tinha ficado vermelho. Começou a se lembrar
de seu pai, de seus irmãos menores. Sentiu saudades de casa.
O
som foi se dissipando. Embora estivesse de olhos fechados, podia ver os colegas
morrendo, rostos de contorcendo de dor, horror por todo o lado. Mais corpos que
caíam, era um verdadeiro massacre. O sangue grosso escorria pelo seu rosto,
podia sentir. Agora alguém o carregava. De repente, só silêncio, parecia estar
num chão liso. Numa sala? Finalmente, um pouco de paz.
De
repente, começou a ouvir uma voz chorosa, quase sussurrando: “Por quê, meu
filho, por quê? Por que você fez isso?” Ele sabia, era a voz de seu pai.
O
pai de Ryan estava desolado. Estava li, na casa do filho, segurando sua cabeça
ensanguentada. Ao lado, sua mão ainda
segurava a arma com a qual tinha se suicidado. Tinha voltado da guerra há seis
meses e nunca mais tinha sido a mesma coisa. Sempre quieto, soturno,
capisbaixo. Pesadelos, visões da guerra. Mas não sabia que estava tão mal
assim, nunca pensou que fosse cometer um ato tão insano.
A
verdadeira luta de Ryan finalmente tinha terminado e ele tinha perdido a
batalha, a batalha final.
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