Nós
revirávamos aquelas ruas de baixo para cima e de cima para baixo. Subíamos o
morro e descíamos só para poder de novo subir. Desvairados, despencávamos lá de
cima com nossos carrinhos de rolimã. Volta e meia íamos levar pontos na
enfermaria da fábrica. Cá e lá, fazíamos nossas traquinagens, nunca nada sério.
Coisas de criança. Entrávamos no mato, pegávamos ingá, jabuticaba e até jatobá.
Goiaba, então...Com canudinhos de mamona, soltávamos enormes bolhas de sabão no ar. Empinávamos pipas e soltávamos balões. Espiávamos tudo, uma enorme curiosidade! Às vezes espiávamos o que não era para
se espiar. Não fazia mal, pois não tínhamos ninguém para contar. Além disso, ninguém
acreditaria na gente mesmo...
Nós
éramos os legítimos donos das ruas de Perus. Nem precisávamos de escritura lavrada,
nossa posse era de conhecimento público.
Agora
são outros tempos. Os garotos não possuem mais as ruas. Nem os adultos. Agora,
elas estão cheias e não são de ninguém. São elas que nos possuem...
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