Monday, April 28, 2014

Perus: as ruas de nossa infância


Nós revirávamos aquelas ruas de baixo para cima e de cima para baixo. Subíamos o morro e descíamos só para poder de novo subir. Desvairados, despencávamos lá de cima com nossos carrinhos de rolimã. Volta e meia íamos levar pontos na enfermaria da fábrica. Cá e lá, fazíamos nossas traquinagens, nunca nada sério. Coisas de criança. Entrávamos no mato, pegávamos ingá, jabuticaba e até jatobá. Goiaba, então...Com canudinhos de mamona, soltávamos enormes bolhas de sabão no ar. Empinávamos pipas e soltávamos balões. Espiávamos tudo, uma enorme curiosidade! Às vezes espiávamos o que não era para se espiar. Não fazia mal, pois não tínhamos ninguém para contar. Além disso, ninguém acreditaria na gente mesmo...
Nós éramos os legítimos donos das ruas de Perus. Nem precisávamos de escritura lavrada, nossa posse era de conhecimento público.
Agora são outros tempos. Os garotos não possuem mais as ruas. Nem os adultos. Agora, elas estão cheias e não são de ninguém. São elas que nos possuem...





<><><><><><><><><><><><><><><><>< 


À venda no Amazon: Gente que faz a gente chorar


Gente que faz gente chorar

No comments:

Post a Comment