O
manequim
A
butique está cheia. Elegantes senhoras e jovens sinuosas, acompanhadas ou não,
olham para a moda exibida por todos os corredores. Manequins femininos, cheios
de curva, vestem vestidos charmosos e de sutil elegância. Quando se olha de
repente, confundem-se, às vezes os corpos femininos com os corpos dos
manequins. Só depois de se olhar para o seu rosto, é que se percebe a face parada,
os olhos que não piscam. Namorados e maridos imaginam suas mulheres naqueles
vestidos, naquele corpo esguio. É pura fascinação.
Algum
tempo se passa e, passando por lá, percebo que a loja fechou. Crise econômica
ou talvez simples sinal dos tempos, não importa. Lá dentro, prateleiras
amontoadas, móveis dispersos. Só então que vejo os manequins. Nus e de costas,
se apoiam na parede. Talvez com vergonha de sua nudez? Continuam com suas
formas esguias, sinuosas. Estão sem vida, porém. Já estavam, eu sei, mas antes
os lindos vestidos lhe davam uma espécie de alma, um suspiro de inspiração.
Talvez
seja assim conosco também, quando a nossa respiração se for, quando o sangue
deixar de correr. Pobres dos manequins, pobres de nós.
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