Um suspiro
Um suspiro, breve,
surdo, manso, é o que nós somos. É somente isso o que representa nossa vida
inteira nesse Universo estupidamente imensurável, absurdamente incompreensível.
Mal ouvido por nós mesmos, pelos outros, pelas pessoas que nos amam. Encontramos
inúmeras desculpas para nos afastar dessa ideia. Falamos de nossas almas, de
nossa inteligência, de nossa capacidade de viajar pelo espaço sideral. Mas,
convenhamos, no fundo somos um pontinho que praticamente não existe.
Imperceptível, intangível, inconsequente, mesmo aqui em nossa própria
constelação.
Não é o que sentimos,
no entanto. Somos movidos por um incrível orgulho, uma sensação de presunção,
de poder, que parece até ridículo, se considerarmos o resto do Cosmos. Há,
dentro de nós, uma motivação, uma vontade que, às vezes, nos torna heróis ou
gênios e que, outras vezes, nos transforma em monstros. A verdade é que tudo
isso é um nada, dentro de uma minúscula gota de água, dentro de um infinito
oceano.
No entanto, todos os
dias, a todo instante, este suspiro, breve, surdo, suspira por outro suspiro
também surdo e breve, formando um compasso, uma onda, uma diminuta energia que
de alguma forma é percebida. Alguns chamam essa conexão de amor. Percebido, medido,
talvez, num laboratório sofisticadíssimo, ultrassensível, do Criador. Só ele
mesmo para observar tão minúsculo ponto no Universo.
ooooooOOO0OOOooooo
O texto acima não faz parte do livro abaixo
Essa vida da gente
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