Dizem, não sei se é verdade, que os pais
de antigamente não eram de beijar e abraçar seus filhos. O fato é que comecei a
pensar no assunto e cheguei à conclusão de que havia verdade nessa afirmação.
Não me lembro de meu pai e minha mãe me abraçarem efusivamente ou de me
beijarem. Estranhamente, não fiquei triste ou confuso. Minha infância foi tão feliz,
sabia que deveria haver alguma explicação. Pensei, pensei. Só via amor da parte
deles. Dedicação, preocupação. Meu pai trabalhando duro, mesmo depois que saía
da Fábrica de Cimento.
Trabalhando com madeira em sua oficina,
consertando coisas, melhorando o que dava para melhorar. Minha mãe sempre se
preocupando, vendo o que faltava. Dos abraços e beijos, eu não me lembro, não. Por
que é, então, que eu me sentia e ainda me sinto tão amado?
Tentei
trazer à mente as imagens da infância. Lembro-me de meu pai sempre sorrindo
quando me via. Lembro-me de minha mãe, cuidando dos detalhes, sempre preocupada
com meu bem estar. Abraçar e beijar não eram coisas de sua geração, também não
receberam de seus pais.
Eu
sei, entretanto, por que não sinto falta
de nada. O abraço de meu pai era seu sorriso, era assim que ele me abraçava. Os
beijos da minha mãe, agora eu sei onde eles estavam. Em sua alma. Ela me
beijava com a sua própria alma, e esse era o beijo mais gostoso que pode haver.
E ela continuou fazendo assim, por toda sua vida até falecer, aos 84 anos.
Assim fez meu pai, também até partir, bem antes dela.
Agora,
com a sabedoria da idade, é isso que vejo e sinto: beijos da alma e um grande
sorriso me abraçando, para sempre, pela vida e pela eternidade sem fim...
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