A Novíssima
Constituição
Por
uma incrivel e desafortunada sequência de eventos, daquelas que só acontecem em
nosso país, o Maluf tornou-se presidente da República. Ato contínuo, nomeou o
Sarney Ministro Geral para o novo ministério que havia criado: Ministério das
Coisas em Geral. Este, tinha três subsecretarias especiais, uma das quais foi
ocupada pela Roseane, que acabara de ser cassada no governo anterior. Com muita
habilidade, o novo presidente conseguiu maioria no Congresso Nacional. Assim
que o fez, conseguiu aprovar e sancionou uma
lei que lhe autorizava “descassar”
os políticos que quisesse. Esses teriam o direito a cumprir o resto de
seus mandatos em triplo para compensar a “injustiça”. Dessa forma foi possível
obter dois terços dos votos para mudar a Constituição. E assim foi feito.
Antes
de anunciar a Novíssima Constituição, entretanto, ele decretou várias mudanças
administrativas para o bom funcionamento do país. Toda concorrência pública
teria um acréscimo de 50% sobre seu
valor. Esse montante seria destinado ao presidente e aos políticos que negociassem
as obras públicas. O objetivo era acabar com a corrupção. Legalizando a
propina, não haveria nenhuma quebra da lei, o que, além disso, evitava uma
série de despesas. Os valores arrecadadados pelos políiticos seriam isentos de
imposto de renda, é claro.Não haveria mais necessidade de tanto agente da
Polícia Federal, uma vez que este tipo de atividade não seria ilegal. Decretou
um corte de 50% nas despesas em educação. O país economizaria muito dinheiro
com isso, sem prejuízo nenhum para a formação dos jovens. A lacuna seria
preenchida com “novelas educativas” e programas de “reality show”, ou seja,
educação ao vivo, como ele anunciava. Decretou igualmente anistia geral para
casos de corrupção, com devolução, inclusive, de valores apreendidos pelo
governo a seus legítimos donos, os corruptos, com juros e correção monetária.
Fazia sentido com a nova lei dos 50%, certo?
Havia
muito mais... Estava meditando sobre essas coisas todas. Tinha desistido de
ligar a tevê, pois, ele, o Maluf, poderia estar falando. Estava usando uma boa parte
do tempo televisivo para mostrar como eram importantes as novas medidas. De
repente, olhei para as cartas que haviam chegado pelo correio. Uma delas era um
livreto que dizia “Novíssima Constituição”. Abri e a primeira linha dizia:
“Todo
o poder emana do Maluf”. Não podia acreditar nos meus olhos. Fiquei meio zonzo
e desmaiei. Quando acordei, graças a
Deus, percebi que era tudo um sonho. Quero dizer, um pesadelo.
Pensei
um pouco sobre o ocorrido e cheguei a uma conclusão terrível. A situação nunca
está tão ruim, que não possa piorar um pouco mais...
ooOO0oo
Estranhas Histórias
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