Saturday, April 16, 2016

A diferença que um prego faz

A diferença que um prego faz




O garoto Marcelo, além de lindo, é muito inteligente, já dá para se notar, apesar de ter apenas três anos. Ele está, agora, brincando no tapete do quarto, em sua casa. Antes disso, porém, existe outra história, mas que, na verdade é a mesma...
O Felício colocou todo o entulho que sobrou da construção da rua Sumaré, em Manaus,  na caminhonete. Ela já estava partindo, quando ele viu um pedacinho de madeira, com um prego, que havia caído no chão. Abaixou-se rapidamente, pegou-o e atirou na caçamba novamente. Acertou por pouco. E lá vai o motorista para o outro lado da cidade. Quando chegou na Avenida Santos Dumont, no entanto, viu um resto de pneu e tentou desviar, dando uma guinada para a direita. Conseguiu evitar o pequeno obstáculo. O pedacinho de madeira com o prego, entretanto, caiu na pista. Uns dois minutos depois, passou o carro do Sr. Antunes, que estava indo para o aeroporto. Estava atrasado, em cima da hora. Ele ia pegar o voo da Tam às 6:50 da manhã. Passou em cima do prego e seu pneu furou, precisou parar. Foi uma dificuldade enorme acertar o macaco, pegar o estepe e trocar o pneu. Perdeu o voo, por pouco. Lá no aeroporto, o Beto era o primeiro e único na lista de espera. Ele estava marcado para o voo da tarde, às 16:30, mas estava tentando sair mais cedo. Ficou muito feliz com a infelicidade do Antunes que ele nem conhecia. Do aeroporto mesmo, ligou para a Regina e  combinou de encontrar a irmã. Normalmente ele iria vê-la só à noite, quando chegasse em seu voo normal. Como tinha pouco tempo para tudo que precisava fazer, achou ótimo poder vê-la antes, assim adiantava toda sua agenda. No dia seguinte, tinha uma entrevista final para um emprego ótimo que havia conseguido em São Paulo.
A irmã desceu do quarto andar onde trabalhava para encontrá-lo numa lanchonete ali perto. Ela estava vindo com uma amiga, a Márcia, que estava indo para casa, pois era seu último dia, tinha arrumado um emprego melhor. Na hora de se despedirem, a Regina lhe perguntou se não queria esperar um pouco, assim conheceria seu irmão de Manaus. Por que não? Entraram, ele já estava lá. Foram apresentados. Tiveram uma incrível atração, logo de primeira. A Regina ficou até sem graça, porém feliz, pois aquele era seu irmão e aquela era sua melhor amiga. Riram muito, ficaram ali mais do que podiam. Despediram-se trocaram cartões, aquela coisa toda.
Não deu outra, começaram a namorar. Além de tudo, o Beto se deu bem na nova firma. Depois de um ano se casaram, com festa e tudo mais. Depois de dois anos, tiveram o primeiro filho, o Marcelo.
Nimguém sabe ainda, mas o Marcelo vai ser uma pessoa muito importante, vai ter uma grande carreira e vai ajudar muita gente. É o garoto do começo da história, que agora tem três anos. Ele não existiria se o Felício errasse a pontaria e não conseguisse colocar a tabuinha com o prego dentro da caçamba. O prego não cairia na Avenida Santos Dumont, não furaria o pneu do Antunes, que pegaria o voo, deixando o Beto para o voo da tarde. Ele chegaria na casa da irmã só à noite, não veria a Márcia, etc. etc. etc...

Às  vezes um prego, mesmo enferrujado, é extremamente importante. É tudo relativo.



 oOOOOOo


À procura de Lucas


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