A
diferença que um prego faz
O
garoto Marcelo, além de lindo, é muito inteligente, já dá para se notar, apesar
de ter apenas três anos. Ele está, agora, brincando no tapete do quarto, em sua
casa. Antes disso, porém, existe outra história, mas que, na verdade é a mesma...
O
Felício colocou todo o entulho que sobrou da construção da rua Sumaré, em
Manaus, na caminhonete. Ela já estava
partindo, quando ele viu um pedacinho de madeira, com um prego, que havia caído
no chão. Abaixou-se rapidamente, pegou-o e atirou na caçamba novamente. Acertou
por pouco. E lá vai o motorista para o outro lado da cidade. Quando chegou na
Avenida Santos Dumont, no entanto, viu um resto de pneu e tentou desviar, dando
uma guinada para a direita. Conseguiu evitar o pequeno obstáculo. O pedacinho
de madeira com o prego, entretanto, caiu na pista. Uns dois minutos depois,
passou o carro do Sr. Antunes, que estava indo para o aeroporto. Estava
atrasado, em cima da hora. Ele ia pegar o voo da Tam às 6:50 da manhã. Passou
em cima do prego e seu pneu furou, precisou parar. Foi uma dificuldade enorme
acertar o macaco, pegar o estepe e trocar o pneu. Perdeu o voo, por pouco. Lá
no aeroporto, o Beto era o primeiro e único na lista de espera. Ele estava
marcado para o voo da tarde, às 16:30, mas estava tentando sair mais cedo.
Ficou muito feliz com a infelicidade do Antunes que ele nem conhecia. Do
aeroporto mesmo, ligou para a Regina e
combinou de encontrar a irmã. Normalmente ele iria vê-la só à noite,
quando chegasse em seu voo normal. Como tinha pouco tempo para tudo que
precisava fazer, achou ótimo poder vê-la antes, assim adiantava toda sua
agenda. No dia seguinte, tinha uma entrevista final para um emprego ótimo que
havia conseguido em São Paulo.
A irmã
desceu do quarto andar onde trabalhava para encontrá-lo numa lanchonete ali
perto. Ela estava vindo com uma amiga, a Márcia, que estava indo para casa,
pois era seu último dia, tinha arrumado um emprego melhor. Na hora de se
despedirem, a Regina lhe perguntou se não queria esperar um pouco, assim
conheceria seu irmão de Manaus. Por que não? Entraram, ele já estava lá. Foram
apresentados. Tiveram uma incrível atração, logo de primeira. A Regina ficou
até sem graça, porém feliz, pois aquele era seu irmão e aquela era sua melhor amiga.
Riram muito, ficaram ali mais do que podiam. Despediram-se trocaram cartões,
aquela coisa toda.
Não deu
outra, começaram a namorar. Além de tudo, o Beto se deu bem na nova firma.
Depois de um ano se casaram, com festa e tudo mais. Depois de dois anos,
tiveram o primeiro filho, o Marcelo.
Nimguém
sabe ainda, mas o Marcelo vai ser uma pessoa muito importante, vai ter uma
grande carreira e vai ajudar muita gente. É o garoto do começo da história, que
agora tem três anos. Ele não existiria se o Felício errasse a pontaria e não
conseguisse colocar a tabuinha com o prego dentro da caçamba. O prego não
cairia na Avenida Santos Dumont, não furaria o pneu do Antunes, que pegaria o
voo, deixando o Beto para o voo da tarde. Ele chegaria na casa da irmã só à
noite, não veria a Márcia, etc. etc. etc...
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