A
conchinha e o barulho do oceano
Eu
me lembro, nas raras ocasiões em que ia à praia na minha meninice, de colocar
uma concha junto ao ouvido e ficar escutando as ondas do mar. Era o que diziam,
as ondas do mar. E parecia verdade. Nunca mais pensei naquilo. Noutro dia
recebo um email, daqueles com um monte e curiosidades. Que o vidro demora um
milhão de anos para se decompor... Que o ouro é o único metal que não enferruja,
mesmo estando enterrado no solo por milhares de anos...Que a língua é o único
músculo do corpo que está ligado apenas a uma extremidade... E a lista vai.
Algumas coisas eram até interessantes.
Bem
lá no meio, veio uma que me chamou a
atenção: o barulho que ouvimos quando colocamos uma concha junto ao nosso
ouvido não é o oceano, mas sim o som do sangue correndo nas veias da orelha.
Certo, lógico, faz sentido. Podia ter pensado nisso, talvez tivesse chegado à
mesma conclusão.
Depois,
senti um certo desapontamento. Bem que podiam ser as ondas do mar, seria muito
mais bonito, mais interessante e mais romântico. Além disso que diferença faz
se a gente achar que são as ondas do mar? Não vai prejudicar ninguém, não vai
alterar a rotina do mundo. Por que tirar assim de minha cabeça uma imagem tão
bonita, perdida lá na infância?
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