Na grande sala, cheia de estranhos aparelhos, uma verdadeira coisa do futuro, talvez fosse difícil adivinhar através da estranha e indefinida feição dos cientistas, a expressão de felicidade, surpresa e excitação que eles estavam sentindo. A primeira sonda interestelar, enviada há muitos anos atrás, estava voltando. Embora estivesse ainda muito longe, já mandava as primeiras notícias do sistema solar que tinha visitado. Praticamente invisível para quem não tivesse a tecnologia para detectá-la, tinha cumprido sua missão e coletado inúmeros dados que agora estava enviando para o comando da missão.
O sistema havia sido detectado há mais de 100 anos e tinha chamado a atenção dos estudiosos por causa de algumas características muito especiais. Uma estrela com um raio de quase 700.000 km com vários planetas a seu redor, não era nada suprpreendente na imensa galáxia. Um deles, porém, era muito especial pela grande quantidade de água e sua densa atmosfera. A primeira sonda voltou com a certeza de que havia vida inteligente naquele planeta que passou a ser denominado Vuusha. Mais três sondas foram enviadas, cada uma delas trazendo mais notícias sobre Vuusha. A última sonda era sofisticadíssima. Com um sistema de anti-detecção muito acima de tecnologias convencionais, tinha chegado a uma distância tão pequena do planeta que, se pudessem vê-la, teriam conseguido abatê-la com facilidade. Ela tinha gravado trilhões de informações, conversas, transmissões locais. Na viagem de volta, seu computador estava analisando os dados, tentando “traduzir” os estranhos sons e imagens.
Os estudiosos já sabiam que a civilização não era tão avançada quanto à deles. Entretanto, tinham um razoável grau de tecnologia, já sabiam enviar naves para o espaço, tinham um sistema sofisticado de comunicação, aparelhos voadores usados como transporte no dia a dia e, certamente, conheciam bastante de Astronomia e Física do Universo.
As primeiras imagens e sons “traduzidos” começavam a ser projetados e reproduzidos no ambiente cheio com pelo menos 150 cientistas ávidos por notícias.
Em instantes iriam anunciar qual o verdadeiro nome de Vuusha, ou seja, o nome que os habitantes do planeta davam para si mesmos. No momento certo ouviram-se uns sons curtos, estridentes, quase metálicos. Junto com esses sons, outros ainda mais estranhos ouviram-se na plateia. Eram os cientistas comemorando. Esses sons pareciam ter coerência, mas para nós seriam apenas ruídos.
Se você tivesse o mesmo sistema auditivo dos habitantes de Farramplatz, ou planeta NPC345734 de acordo com nosso sistema de classificação, você não ouviria aqueles sons e stranhos. Você estaria ouvindo a palavra “Terra”. Eles acabavam de nos ter “descoberto” e sabiam quase tudo de nós. Para nós, na Terra, Farramplatz era apenas um planeta com possibilidade de acolher vida, mas não tínhamos a menor ideia se poderia ser inteligente ou não. Em Farramplatz, a nossa Terra se chamava Vuusha, ou algo assim para nossos ouvidos. Eles, no entanto, estavam milhares de anos à frente da nossa civilização, a civilização terrestre...
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