Andando pela Pauliceia Desvairada
Não fujo do ridículo. Tenho
companheiros ilustres.
O ridículo é muitas vezes subjetivo.
O ridículo é muitas vezes subjetivo.
Independe do maior ou menor alvo de quem o
sofre.
Criamo-lo para vestir com ele quem
fere
nosso orgulho, ignorância,
esterilidade.
(Pauliceia Desvairada)
Falei com o Engenheiro Goulart e
com o Ermelino Matarazzo e disse que ia tomar a Liberdade de ir até a Sé para
conseguir alguma Consolação ou até alguma Luz para a Pedreira que é a vida do
Paulista. No Pacaembu procurei Palmeiras que acabei não achando. Achei, porém, Paineiras
no Morumbi, depois de passar pelo Paraíso sem pedir licença para a Ana Rosa.
Andei também por Itaquera, mas só achei o que queria no Parque da Vitória, pois
a dita cuja não estava lá. Falei com muitos santos: São Mateus, Santa
Terezinha, São Domingo, Santa Ifigênia, São Lucas. Pedi a eles
Socorro para minha Saúde. Santo Amaro, então, me falou que deveria ir até a
Vila dos Remédios para encontrar o que eu queria.
Fiquei com fome e fui pescar na Ponte Rasa lá no Rio Pequeno. Não consegui nada. Fui então rezar na Vila Oratório para conseguir comida, a não ser que eu quisesse alguns Perus, pois as Perdizes estavam muito caras tanto no Mercadão como no Mercado da Lapa.
Fiquei com fome e fui pescar na Ponte Rasa lá no Rio Pequeno. Não consegui nada. Fui então rezar na Vila Oratório para conseguir comida, a não ser que eu quisesse alguns Perus, pois as Perdizes estavam muito caras tanto no Mercadão como no Mercado da Lapa.
Além de fome, senti sede e fiquei
em dúvida entre a Água Fria, a Água Funda e a Água Branca. Achei melhor ir para
a Água Espraiada, não sem antes fazer um Bom Retiro no Alto da Lapa, de onde se
podia ter uma Bela Vista. Cheguei na Lapa de Baixo e falei Mandaqui um Limão,
pois ainda vou passar pela Quarta Parada e pela Quinta da Paineira. Parei na Parada
Inglesa e fiquei pensando por que tanta coisa com os ingleses – Chácara Inglesa,
Morro dos Ingleses, se nós temos apenas Brás e Brasilândia.
Sem dinheiro para o Metrô, fui ao Tatuapé
e, enquanto andava, me perguntava por que a gente precisa de um Moinho Velho se
há um Brooklin Novo ou um Parque Popular se há um Real Parque.
É mesmo uma Pauliceia Desvairada,
como dizia o Mario de Andrade. Ainda bem que, quando estiver chateado, posso
ler uns trechos de Brás Bexiga e Barra Funda, do Alcântara Machado, pegar o “Trem
das Onze” com Adoniran Barbosa, ou tomar um “chopps” na esquina da Ipiranga com
São João.
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