Capitu,
a cachorrinha carente
Estou dirigindo meu carro pelas ruas de Orlando e escuto a
Rádio Bandeirantes local. Ouvir um pouco a voz da terra. Afinal eu ainda sou
professor de Português e a gente acaba se esquecendo de palavras, expressões.
Não só isso, estão sempre aparecendo novidades na língua. Na minha época de
Brasil, por exemplo, não havia “socorrista”, “cadeirante”, por exemplo...
Daí uma apresentadora começa a responder a uma pergunta da
ouvinte preocupada com sua cadelinha. Ela quer carinho o dia inteiro. Exige. Eu
conheço este problema, pois em casa temos alguns, nem ouso dizer quantos. E
eles estão sempre com as patinhas puxando a mão da gente quando o agrado para.
A moça da rádio explica que não pode ser assim. Quem tem tempo de ficar o tempo
todo fazendo carícias nos “pets”?
Precisa dar alguma atividade para ela, fazer algum exercício, deixá-la
cansada. A atitude dela explica-se exatamente por isso, fica sem fazer nada o
dia inteiro, só pensa em ser acariciada. Explicação bem equilibrada,
profissional. No entanto, o que mais me impressionou, foi o nome da cadelinha.
Nada mais, nada menos do que Capitu. Sem dúvida uma das minhas personagens
preferidas entre tantas outras com as quais Machado de Assis nos presenteou.
Quase fiquei indignado, mas eu gosto muito de animais e
além disso imediatamente achei que havia uma certa lógica. Lembrei-me
imediatamente da misteriosa Capitu – a do Dom Casmurro – e me dei conta de que
ela, de certa forma, também queria muito carinho. É bem verdade que ela foi
além, lembra-se do que foi falado a respeito dela: "olhos de cigana
oblíqua e dissimulada"?
Você que leu o livro, sabe. Ela foi muito, muito, além...
Ou será que não?
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