Oandlig
Meu
nome é… Para dizer a verdade, não tenho nome. Não sou daqui, não tenho corpo,
mas não sou espírito também. Existo, porém. Não que seja difícil explicar, isso
eu sei como fazer, e como sei. O problema é você entender. Alguma coisa eu
posso explicar, outras nem vai adiantar, pois você não tem referência, vai ser
completamente impossível você sequer chegar perto de um entendimento. Além de
tudo, se você endendesse, não acreditaria. Se eu estivesse no seu lugar, no seu
tempo, com suas características, eu também não acreditaria.
Em
todo caso, algumas coisas, você pode saber. Por exemplo, eu sou do futuro, mas
não do jeito que você está pensando. O que quero dizer, estou a mais de 300.000
anos daqui. Mas seu agora é meu agora. Existem características sobre a maneira como você
conta o tempo, que faz com que seja difícil você me acompanhar. Existe algo mais. Nem quando a sua espécie alcançar a mesma idade da nossa, ainda assim ela
não vai ser igual à nossa. Vocês são,
como por assim dizer, de outra dimensão. O fato é que nós podemos visitar
vocês, mas você nunca vão conseguir nos visitar. Nós somos muito, muito,
diferentes. Você precisaria estar numa outra dimensão e, além disso, estar uns 300.000 anos no futuro. É difícil qualquer
forma de comparação. No entanto, estou aqui falando com você. Não sou eu mesmo,
mas isso você também não entenderia.
O
que vou dizer agora, vai parecer estranho. Estou aqui, como se stivesse retido
por um tempo, por causa de um defeito. Eu sei que alguém tão adiantado como
nós, não deveria ter defeitos. Mas o defeito não foi nosso, foi de vocês. Isso,
também, você não entenderia, eu sei. Por falar nisso, há muitos de nós por
aqui. Muitos mesmo. Vocês não nos vêem, não nos sentem. Mas nós podemos não só
ver vocês, como também sentir, saber o que vocês estão pensando, podemos saber
tudo. Meus iguais vão e vêm. É como se estivéssemos estudando vocês. Quando
queremos, “entramos” em vocês, para saber de outras coisas. Como se fosse
“conhecer vocês por dentro”, acho que você me entende. Não podemos ficar
fazendo isso o tempo todo, por causa do problema das “dimensões”.
Quando
entrei nesse alguém, senti que poderia haver problemas. Ele é humano, sim, mas
havia um problema com ele. Fiquei “preso” dentro dele, por assim dizer. Eu vou
conseguir sair, é algo provisório. Por falar nisso, nós não morremos.
Quero dizer, é como se não tivéssemos tempo, como se só houvesse o que vocês
chamam de “presente”. Por isso, não tenho pressa de sair. O que eu preciso é encontrar
alguém como ele, como a pessoa que estou habitando. Só daí posso fazer uma
espécie de conexão, e me libertar do corpo que habito agora.
Eu
queria explicar muito mais para você, mas é absolutamente inútil. Nem que você
estivesse a centenas de milhares de anos na frente, ainda haveria o problema
das dimensões. Nós, antes também não conseguíamos transitar entre elas. Nós
sabemos, entretanto que vocês nunca conseguirão. É uma questão de “essência”.
Nem sei por que estou falando com você. Saber eu sei. Talvez você aprenda
algo mais. Talvez você aprenda que niguém sabe nada. Para você ter uma
ideia, nem nós sabemos tudo. Estamos longe disso. A diferença é que nós sabemos
o que sabemos e o que nunca saberemos. E o que sabemos é muito, é fácil para
você ter uma ideia. E sabe de uma coisa? O que não sabemos ainda é muito mais.
Muito mais... Se você quiser me chamar por um nome, pode me chamar de Oandlig. É
uma palavra de um lugar aí de vocês, chamado Suécia. É o que mais chega perto
do que eu sou.
Isso
mesmo, pode me chamar de Oandlig.
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