Usando
das atribuições...
Era
uma espécie de magia, mas era uma magia reversa. Na época da Ditadura, quando
os “homens do poder” resolviam, simplesmente soltavam um decreto. Dizia, assim,
sem mais nem menos, que o Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o art.
4º, do Ato Institucional nº 5, etc. e tal, resolve cassar os mandatos
políticos dos seguintes parlamentares... E daí vinha uma lista. Não podia ser
mais simples ou fácil do que isso. Era uma moleza se livrar de políticos corruptos.
Sem investigacão, sem processo, sem votação, sem nada. E tudo ficava “limpo”.
Havia um pequeno problema, entretanto. Talvez houvesse um corrupto ou dois na
lista, mas a grande maioria eram pessoas honestas, porém inimigas do governo.
Aqueles que não concordavam com o regime de exceção. Um ou dois
reconhecidamente desonestos no meio eram apenas para “validar” a cassação. E assim foi, até terminarem todos os
opositores. O partido da oposição era de oposição só de nome. E o partido da
situação era o que valia. E que situação!
Muita
gente fala das bombas e mortes causadas pelo pessoal da esquerda. Há verdade
nisto e não devemos cobrir o sol com uma peneira. Foi uma luta pela liberdade,
mas deve ter havido péssimas decisões. O que pouca gente fala e sabe é que o
pessoal da Ditadura também organizou atentados e soltou bombas para parecer que
eram os militantes de esquerda. O caso mais famoso, “autuado em flagrante” e
tudo mais, foi o do Rio Centro. A bomba explodiu, por acidente, no colo do militar. Havia
também um tal de Sábato Dinotos, a mando de militares radicais de direita, que
organizava assaltos a bancos e atentados como se fossem executados pelos “subversivos”.
Se você não conhece essas histórias, estude um pouco antes de dizer que tem
saudades da Ditadura, sem nem mesmo ter vivido naquela época. Foi um tempo
negro e triste da história por todos os lados. Isso não quer dizer que a época
atual seja boa, mas afirmar que aquela foi é decididamente um grande erro e
está longe da verdade.
Eram
assim que se faziam as coisas, era assim que se dirigia uma nação! Muita gente
achava bonito. Eles não ouviam os gritos de dor da tortura, nem o que se fazia
nos porões. Esse era o custo. Quem está
pagando até agora, eu não sei. Talvez, todos nós. Depois de uma análise
profunda, talvez cheguemos a conclusão de que a situação atual de nosso país
veio exatamente daquele estado de coisas.
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Essa vida da gente
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Como dizem por aqui "a memória é curta" e os gritos pela volta dos militares são cada dia mais comuns ...
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