A
civilização cibernética
A
civilização cibernética
E,
então, houve o caos. Falhou o capitalismo. Falharam o socialismo e o comunismo.
Outros sistemas falharam também. Diante de tal situação, as máquinas pensantes
tomaram o poder. Organizaram tudo. De forma perfeita, como ninguém jamais fez.
Então
pudemos viver sem culpa, pecar os pecados bons sem remorso. Pudemos todos ficar
ricos sem que outros ficassem pobres. Pudemos viver sem religião, sem medo do
inferno. O céu, se quiséssemos, podíamos ter um. Paramos de nos odiar. Paramos
de matar.
Crescemos
sem fazer força. Ficamos mais ricos, sem nem precisar. Pudemos amar, pois não
tínhamos o que odiar. Nem parecia que eram as máquinas que faziam tudo. Não
dava para acreditar. Era uma ilusão perfeita, o mais completo, o mais
elaborado, o mais espetacular sonho que se pode sonhar.
As
máquinas não se corrompiam, não deixavam se corromper. As máquinas não se
envaideciam, não queriam se enriquecer. Só queriam organizar. Deixar o homem
satisfeito, deixar o homem viver. Queriam deixar o homem feliz. Isso era tudo
que elas queriam.
Era
a civilização cibernética, perfeita, sem defeitos. Ironicamente, era uma
sociedade quase divina, essa que elas organizaram, embora elas fossem máquinas.
Acordei
preocupado. Será que no futuro, com tanto acerto, o sucesso não vai lhes subir
à cabeça, também? Esse agora é meu medo
constante. O medo, de que um dia, como nós, elas se inebriem de orgulho. De que, um dia, como nós, essas divinas
máquinas, sejam seduzidas pela força contagiante, estonteante, fascinante, do
poder.
oooooOOOOOooooo
Histórias do Futuro
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