CORPS
Do alto da gigantesca torre de aço, o almirante olhava a
extensa paisagem onde antes tinha sido Brasília. Não havia mais prédios, não
havia mais congresso, políticos ou presidente. No lugar, uma série de elegantes
estruturas metálicas que sustentavam os ultramodernos conjuntos residenciais,
contrastava com um magnífico céu azul no fundo. Mais ao longe, podia se ver um
enorme transportador aéreo suavemente pousando, na vertical, no grande centro
de transportes da capital. Pelas cores, podia-se dizer que era proveniente da
Coligação de Estados Americanos, que incluía o Canadá, o México, todo o Caribe e
os Estados Unidos da América.
Grandes corporações regiam praticamente todo o planeta. Não
havia mais repúblicas, governos, exércitos, sistemas administrativos ou
sistemas de justiça. As empresas consolidavam-se em grandes blocos,
administravam e tomavam todas as decisões. Havia de tudo para todos, a
criminalidade era praticamente zero e o nível de saúde da população era quase
perfeito. Não havia mais religiões organizadas. Haviam sobrado apenas algumas
associações místicas, mais dedicadas a estudo do que propriamente a cultos ou
cerimônias.
Lourenço, agora almirante, denominação quase irônica dada
para uma espécie de executivo das grandes corporações modernas, repassava em
sua mente o que tinha lido sobre a situação do Brasil, agora parte da Grande
Liga da América do Sul, no começo do século 21. Gostava de história e
principalmente do Brasil. Apesar das explicações, da fundamentação, era difícil
para ele, entender como tinha sido possível viver numa sociedade como aquela.
Deu mais uma olhada na
paisagem e comparou-a mentalmente com as imagens que tinha visto e que
retratavam aqueles tempos antigos. Deu um suspiro e, por dentro, sentiu-se
agradecido e aliviado por viver numa época tão maravilhosa e tão fantástica da
raça humana. Com a vista percorreu mais uma vez a linha do horizonte e voltou
para sua sala de comando.
Era o ano 489 da fundação do
CORPS, a enorme organização que tinha substituído as arcaicas formas de
governo. Era também janeiro do ano 2679 depois do nascimento de Cristo.
oooooOOOOOooooo
Histórias do Futuro
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