A formiguinha e o computador
Toda vez que eu ligava o computador, lá estava ela. Magrinha, esbelta, de cor marrom escura, andando com pressa sobre a tela branca do meu computador. A primeira vez que a vi, pensei em eliminá-la sumariamente. Ela não combinava com toda a tecnologia que estava por trás do meu laptop. Um corpo estranho, alheio. Por algum motivo desconhecido, recuei. Depois, pensei, ainda bem! Fiquei imaginando todos os dados que deveria haver em seu DNA para fazer o que ela faz. Organizada, trabalhando em grupo, carregando coisas para lá e para cá. Sobrevivendo, ajudando as amigas a sobreviver. Provavelmente se perdera, estava escondida debaixo de uma tecla e quando via aquela luz branca aparecer, pensava que era o sol. Hora de trabalhar. Então aflita, procurava pela tela, por onde começar. Claro, estou imaginando coisas, mas a essência é verdadeira. De vez em quando ela ainda aparece para me visitar. Quem sabe um dia eu descubro qual é seu formigueiro.
Outro dia tive um acidente de carro. Foi feio mas quase nada me aconteceu. Eu me lembrei dela. Senti-me como ela. Alguém, que controla essas coisas de vida e morte, achou que não era minha vez, que eu também era uma formiguinha perdida. Procurando o significado da vida, procurando sentindo nas coisas. Enfim, vivendo... na minha telinha, na telinha da Terra!
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A crônica acima não faz parte do livro abaixo
Essa vida da gente
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