O Resgate
A
missão era clara e objetiva: alcançar o planeta devastado, fazer um
levantamento da destruição, juntar dados e possivelmente amostras e voltar. A
partir daí, seria feito um plano. Se houvesse sobreviventes, quem sabe até
ajudar na reconstrução da civilização, fornecer tecnologia...
As
sete naves haviam chegado há uma semana com um pequeno intervalo entre uma e
outra. Espalharam-se pelas diferentes regiões, fazendo buscas e avaliação. As
coisas não pareciam boas. Obviamente havia sido um conflito nuclear de
proporções davastadoras. Havia radiação fortíssima por toda a parte.
Os
sinais de problemas com o distante planeta tinham começado há 15 anos. Logo foi
possível verificar que as condições estavam se deteriorando a passos rápidos, fora
de controle. Em dois meses as transmissões pararam de chegar. Através de uma
nave não tripulada, que estava há alguns meses luz dali, foi possível orbitar o
planeta. Se havia sobreviventes, não era possível verificar sem descer. Por
motivos técnicos essa espaçonave não poderia exercer a tarefa. Por isso, só 4
anos depois foi possível a chegada da “frota dos sete”.
A
destruição era muito maior do que se havia pensado. Não havia sinal de vida, pelo menos
inteligente. Certamente algumas formas microscópicas tinham resistido. Os
astronautas do projeto eram experientes, tinham já passado por experiências
como essa. Ali, entretanto , estava algo com que nunca tinham se deparado
antes. O nível de desolação era inimaginável. Não se sabe quem era o agressor e
quem era o agredido, todos foram “varridos” completamente do mapa. O que se
passava na mente dos membros da equipe de resgate era muito semelhante. Como
uma civilização naquele estado de progresso tecnológico e científico tinha se
envolvido num conflito quase infantil? O
nível de tecnologia era óbvio. Duas enormes estações orbitais, que ainda
resistiam, eram prova disso. O pouco que restara indicava claramente que não só
eles haviam alcançado o que poderia ser considerado “nível elevado” de avanço,
mas também que estavam entrando na fase em que poderiam se beneficiar de
aspectos práticos da física quântica. O comandante da missão havia estudado
esse tipo de civilização. Ao mesmo tempo em que a teconologia e a ciência avançam,
crenças e líderes maníacos entram em conflito com essa evolução. É um momento
delicado de toda espécie: quase entrando naquela fase em que as crenças
“primitivas”e ideologias malucas ficam obviamente deslocadas diante da grandeza
da ciência e ao mesmo tempo tentam sobreviver, lançando mão, porém, de recursos
extremos. Eles sabem que sua “visão do mundo” está ameaçada e fazem tentativas
desesperadas de deter o conhecimento. Muitas civilizações conseguem passar essa
fase, outras entram num processo absurdo de aniquilação.
Depois
de duas semanas, a primeira nave estava se preparando para voltar. Levava
amostras de vida microbiológica e fragmentos de seres inteligentes para um
estudo profundo de DNA e, quem sabe, uma tentativa de “recriação da espécie”
local.
A
frota que tentava o resgate era do planeta Raddar, situado na constelação de Centauro
e o que estava destruído era a antes maravilhosa e exuberante Terra. A
civilização terrestre conseguira sobreviver, com suas glórias e seus pecados,
com suas conquistas e seus fracassos, com sua obsessão e arrogância, até o ano
2093. Infelizmente não conseguiu virar a página do novo século.
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Histórias do Futuro
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