Do
que você se lembra quando ouve Dolores Duran cantando “A Noite Do Meu Bem”?
Provavelmente, nada. Não é de sua época, não é mesmo? Mas algumas pessoas, como
eu, lembram-se de muitas coisas e cada
um se lembra das suas.
Eu
me lembro, primeiramente, da velha casa no Morro do Cartório e minha mãe
limpando os cômodos. Uma panela, no fogão, cozinhando o feijão. Eu me lembro do
velho rádio de caixa de madeira, ligado, e alegrando, paradoxalmente, aquela
manhã triste e perdida no passado. Eu me lembro da minha rua, dos meus amigos,
garotos, e dos vizinhos. Sei que havia casas se espalhando, raras, pelo morro
acima. Das árvores com frutas, da mata onde brincávamos – insuspeita e sem
perigos – que se estendia até Caieiras. Da igreja São Jorge, com suas
quermesses. Da Dona Josefina, do “seu” Nélson, do maestro Pedro Salgado, da
Dona Celeste: a casa na curva da nossa rua...
Eu
não conhecia, entretanto, o amor e poesia que havia na canção. Não entendia,
ainda, a tristeza de um amor que “demorou a voltar”. Muito menos sabia, ainda,
que, mais tarde, ali perto, um pouco mais acima, muita história iria ser
contada. A história dos mortos do Cemitério Dom Bosco. Dos corpos, indefinidos
e desconhecidos, assassinados pelo ódio de carrascos. Lá jogados como se nada
fossem. Não sabia, que se andasse mais um pouco e atravessasse a fronteira da
cidade, poderia conhecer, com antecedência, a mulher que um dia eu iria amar.
Existiam
coisas que seria bom ter sabido, outras não. Por isso é que, ouvindo na música, o
verso “a alegria de um barco voltando”, fico pensando... Às vezes é bom voltar,
outras vezes é melhor só olhar para trás e suspirar...
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