O
Expresso Cubano
Entre 1969 e 1970 houve 15 sequestros de aviões brasileiros.
Era uma época de turbulência política no mundo inteiro. Grupos extremistas recorriam
a este ato radical com o objetivo de atrair a atenção para suas causas e por
motivos mais práticos, como sair do país, ou obter a soltura de presos políticos.
Era a maior “moleza”. Entravam como passageiros, portando armas, sem controle
nenhum. Quem viveu nessa época, deve se lembrar da “emoção” que se vivia nesses
momentos. Uns achavam um absurdo, outros achavam que era a única saída contra
regimes autoritários.
Um mesmo avião da falecida e gloriosa Varig foi sequestrado
3 vezes, segundo matéria publicada pela UOL. Isso mesmo, três vezes. Eu não sei
o que aquele pessoal tinha contra o pobre do 707. A aeronave 707 “PP-VJX, em cada uma dessas ocasiões foi
para Cuba. Em todas as ocasiões, os passageiros e a tripulação foi hospedada no
Hotel Rivera em Havana durante sua breve “estadia”. Parece até marketing de hotelaria.
“Hotel Rivera: o repouso ideal para o sequestrado”. O primeiro foi quando o
avião saía de Buenos Aires para Santiago do Chile, o segundo – por um argelino –
quando saia de Paris, e o terceiro, num voo de Santiago para Nova Iorque. A
Varig até colocou instruções especiais no avião e até frases em espanhol para
os tripulantes para uma eventual situação de emergência.
O avião foi apelidado de “Expresso Cubano”.
Mais uns sequestros e a rota “algum lugar – Havana” - se tornaria uma linha
regular. Mais tarde o “Expresso Cubano” foi – ironia do destino – comprado pela
FAB.
Não se pode dizer que era uma manifestação
de paz, mas, dentro das circunstâncias, não havia violência, procurava-se não
matar. Havia negociação, os sequestradores conseguiam seus objetivos políticos
e os políticos, faziam sua política conseguindo libertar todo mundo.
Claro, isso não é algo que se recomende
para países civilizados, mas vamos prestar atenção na diferença. Hoje, os
terroristas não negociam, eles explodem os aviões. Decapitam as vítimas, explodem
prédios inteiros.
Como diz meu amigo Nino Belvicino, não se
fazem mais terroristas como antigamente.
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Texto muito gosoto de ler, ótimo ritmo.
ReplyDeleteParabéns.