A
cidade é grande e bela. Sedutora. Tem histórias de nobreza, tem histórias de
coragem. Tem gente trabalhadora, com coração. Gente que ajuda e que ajuda a
ajudar. Que se entrega.
Há
igualmente os mudos e cegos de espírito. Quase autômatos, formam uma massa
disforme e imensa, lentamente se mexendo, cumprindo a missão de sobreviver. Sem
saber, não são o que poderiam ser. São só o que precisam e conseguem ser.
Há,
felizmente, os que são alegres. Conversam, cantam, se divertem, são amigos e
são felizes. São a alma da cidade. Impedem, quantas vezes, a cidade de chorar.
Alguns
existem, que oram. Outros preferem rezar. Uns privilegiados, explicam como devemos
orar. Há os que pensam ter contato direto com Deus. Ateus, esses existem
também.
E
há os demônios. Roubam, matam, não têm alma. Perderam há muito o significado da
vida. Roubam de todos nós o sentido das coisas, a alegria de viver. Torturam a
cidade de dia e de noite com seus crimes hediondos, são os monstros.
São
algozes dos que oram, dos que rezam, dos que se alegram e da grande massa
também. Eles mesmos um dia já foram parte da grande massa. Agora são seus assassinos.
Que
os que oram e rezam, nos consigam proteção lá de cima. Que os que têm coragem,
nos protejam cá embaixo. Que os que têm coração, enterrem nossos mortos. Que os
que são alegres, nos consolem.
E
que o Deus de todos, mesmo dos que não têm Deus, tenha piedade de todos nós!
À procura de Lucas
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À procura de Lucas
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