Breve
história da mentira
No começo, bem no começo, ninguém falava mentiras. Com o
tempo, talvez por necessidade, alguns poucos começaram a falar meias verdades.
Houve revolta, mas depois o povo se acostumou. Alguns até gostavam. Mas as
pessoas mais responsáveis ainda ficavam furiosas com isso. Passou mais um tempo
e alguns, mais ousados, passaram a falar mentiras inteiras. Tinham, porém, uma
desculpa pronta para o caso de serem contestadas. Uma desculpa qualquer: foram
enganadas, mentiram para elas também, etc. Eram ainda poucos. Passou mais um
tempo e o número daqueles que falavam mentiras inteiras aumentou bastante. E
então, não precisavam mais de desculpas. Mantinham a mentira como se ela fosse
verdade. O Maluf é dessa época. Alguns até juravam, outros até choravam para
garantir a legitimidade da mentira. Mais tempo se passou e alguns passaram a
invocar Deus para legitimar a mentira.
Agora, a maior parte dos que mentem acha que,
definitivamente, estão falando a verdade. Até se sentem mal quando, por
descuido, falam alguma verdade.
Existem agora os magos das mentiras. Eles nunca falam a
verdade. Quase todos acreditam neles e os que não acreditam, são chamados de
mentirosos. Os jornais, a televisão, quase todos, discutem a mentira
normalmente, como se ela fosse verdade. É o caso do Trump.
Quando a verdade voltar, não sei o que será de nós. Acho
que não vamos mais reconhecê-la.
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À procura de Lucas
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