Uma
efêmera eternidade
Lembro-me
muito bem. Éramos crianças, eu e meus primos ficávamos correndo pelos cômodos do
velho casarão, fazendo bagunça. Lembro-me da minha avó e meus tios nos xingando
familiarmente com aqueles doces “palavrões” italianos: “porca la pipa, “bruta
bestia” e outros tantos. Lembro-me também de meu pai visitando meus tios e meu
avô. Eram caras amigas, que inspiravam confiança. Agora sei que, por parte da
minha mãe, veio toda aquela gente da Itália, atravessando o mar como “colombos”
e “cabrais”. Sei que muitas coisas - algumas inacreditáveis - precisaram
acontecer para eles se encontrarem, e finalmente podermos nascer.
Fico,
por outro lado, imaginando os netos dos
netos de nossos netos e o incrível mundo em que vão viver daqui a 200, 300
anos. Juntando tudo isso, eu me sinto, de certa forma, eterno, apesar da vida
curta que temos. Uma estonteante, paradoxal, efêmera eternidade.
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À procura de Lucas
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