Você
deve conhecer a Alice. Sim, aquela mesmo de “Alice no País das Maravilhas”.
Pois é, há bem pouco tempo atrás, ela achou que aquele mundo louco em que ela
vivia não podia ser o normal. Como faz muito tempo que o seu dono, criador e
inventor, Lewis Carroll, morreu, deduziu
que agora ela era de domínio público, portanto dona dela mesma. Resolveu,
então, dar uma olhada no universo real, para ver se fazia sentido. Como o dela,
certamente, não tinha lógica nenhuma, seria ótimo comparar.
Escolheu
uma avenida qualquer e foi andando toda lampeira pela calçada. Viu uma banca de
jornal e parou.Nada melhor que as notícias para conhecer um mundo novo, cheio
de paz, de coisas boas e, principalmente, muita lógica. No começo ela não
entendeu muito bem. Achou até que as outras personagens de seu livro estavam
com ciúmes dela e estavam lhe pregando alguma peça. Havia crimes, assassinatos,
corrupção e outras notícias horrorosas nas manchetes. E todo jornal que lia,
era a mesma coisa. Ficou cheia daqueles jornais mentirosos. Continuou pela
avenida e percebeu que, em algumas lojas, havia televisão. Sentou-se na calçada
e ficou vendo um pouco. Até que havia alguns programas interessantes. Daí
chegou a hora do noticiário. Estava já um pouco preocupada, mas resolveu ficar
mais um pouco. Foi então que o apresentador falou das cerca de 200 meninas
nigerianas que foram raptadas de uma escola. Só podia ser um filme de terror.
Mas não era. Ela viu a notícia de novo e de novo.
Só
então percebeu o óbvio. Esse mundo da gente é milhares de vezes mais louco que
o dela. Quem disse que seu país não tinha lógica? Qualquer lógica era melhor do
que aquilo que ela estava vendo. Correu
de volta para a toca do coelho e se escondeu. E fez de conta que foi tudo um
pesadelo.
Aquele
sim era um “País das Maravilhas”, não esse nosso mundo doido daqui!
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