A
partir de um certo momento, quando o amor já tinha acabado, ele começou a
fingir que a amava. Ela, sensível, fingiu que não percebeu seu fingir. Mas não
foi só isso, ele passou a fingir outras coisas também. Que gostava das coisas
que ela fazia, que achava graça em tudo, sem achar. Fingia completamente. Ela continuou
fingindo que não percebia que ele fingia, era melhor assim. Um dia, coisa do
destino cruel, ela se foi. Um ataque do coração, daqueles fulminantes. Ninguém
sabe se tinha alguma coisa a ver com tanto fingimento. Se tinha, ele fingiu que
não sabia. Com o tempo, ele sentiu sua falta. Difícil dizer se era de verdade
ou não. Ele já não sabia o que era e o que não era. Coisa certa, porém, era sua
dor. Tentou fingir que não doía, mas doía uma dor daquelas que não se pode
fingir. Esse fingimento ele não conseguiu. Fingiu, porém, que tinha conseguido
fingir. E foi fingindo até o fim dos seus dias. Quem sabe, agora, ele possa fingir
que se encontrou com ela. Lá do outro lado, para fingir de vez. Fingir um
eterno fingimento...a dois!
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