Quando
eu era jovem – e isso já faz um bom tempo – adorava ler as crônicas do Nelson
Rodrigues. A todo momento ele repetia a expressão “óbvio ululante”. Eu acho e
achava que ela tem uma força extraordinária. Era como se ele ficasse irritado
com as
pessoas que não conseguiam ver o dito cujo ( o óbvio, é óbvio) e as sacudisse. Com o tempo aprendi algo que não é tão óbvio assim. Que ele ( ainda estou falando do óbvio) é sorrateiro, esperto e dissimulado. É a única explicação que consigo vislumbrar. Há tantas coisas no mundo que são tão claras, tão evidentes, que é impossível que as pessoas não as vejam, não as entendam. Eu mesmo, às vezes não consigo enxergar o que está – figurativamente ou não – bem debaixo de meu nariz. Tenho, porém, a desculpa da idade.
pessoas que não conseguiam ver o dito cujo ( o óbvio, é óbvio) e as sacudisse. Com o tempo aprendi algo que não é tão óbvio assim. Que ele ( ainda estou falando do óbvio) é sorrateiro, esperto e dissimulado. É a única explicação que consigo vislumbrar. Há tantas coisas no mundo que são tão claras, tão evidentes, que é impossível que as pessoas não as vejam, não as entendam. Eu mesmo, às vezes não consigo enxergar o que está – figurativamente ou não – bem debaixo de meu nariz. Tenho, porém, a desculpa da idade.
Desconfio,
porém, de outra possibilidade. A
ganância e o interesse dos inescrupulosos. Eles certamente veem o óbvio e o
entendem. Por interesses pessoais, por outros sentimentos escusos, fingem que
não estão vendo nada. Mas que ele está ululando, irritado, ele está. O Nelson
tinha razão.
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