A
loja de penhores
As lojas de
penhores têm coisas bem baratas. Produtos quase novos são comprados por uma
pechincha. Lá vou eu atrás de uma bicicleta, preciso de exercício. Abro a porta
e a primeira coisa que eu vejo é um violino. Está em destaque em cima de uma mesinha. Velho, porém bonito e conservado. Estranho,
nunca tinha visto um lá e olha que lá existe de tudo: aparelhos de som,
ferramentas, televisores, computadores, nem sei mais o quê.
Começo a pensar.
Quem traria um violino para uma casa de penhores? Um pai que, desiludido, desistiu de incentivar o filho a tocar o belo
instrumento? Uma viúva que está se desfazendo dos bens do marido, que há pouco
se foi? Pior, talvez um músico, que, em dificuldades financeiras, precisou
fazer alguns trocados. É o mais provável, infelizmente... Normalmente as pessoas
vêm a esses lugares porque estão com problemas de dinheiro. Fico imaginando a
figura triste do artista, sem seu precioso instrumento. Caindo na realidade,
abandonando a arte para sobreviver.
Talvez não seja bem
isto, mas certamente é uma história parecida. Não, não vou comprar mais a
bicicleta. Talvez alguém... É triste ter uma vantagem porque alguém está em
dificuldades.
Por dentro, chorei
pelo violinista que perdeu seu instrumento. Espero que não perca sua arte
também, sua dignidade e, um dia, possa voltar a tocar... Sou otimista, acho que
até já escuto as notas no ar...
ooooooOOO0OOOooooo
A crônica acima não faz parte do livro abaixo
Essa vida da gente
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