Encontros
eletrônicos
O
Stuart estava triste e não estava. Divórcio não era uma coisa que ele tinha
programado para sua vida. Ainda bem que a quase ex estava levando tudo “numa
boa”. Sem ressentimentos de ambas partes. Essa paz relativa permitiu que ele conseguisse
refletir. Verdade é que a única coisa em que ele refletia era a solidão que
viria dali para a frente. Ele não acreditava nessa história de ”melhor só do
que mal acompanhado”, mesmo porque ele, e até então, a sua esposa, tinham sido bons companheiros apesar de as
coisas não terem dado certo.
Estava
com 47 anos e não tinha mais aquela paciência de frequentar rodas de amigos,
talvez clubes, na vã esperança de encontrar alguém que pudesse ser uma boa
esposa. Pensou bastante e decidiu: é a Internet. Estudou alguns daqueles
websites que promovem encontros e casamentos, tentando achar o que as pessoas
têm em comum. Escolheu um, fez um perfil sem exageros. Não queria dar falsas impressões e depois ter
de passar desgosto. Não adianta mentir, pensou.
Divorciado,
economicamente independente, apresentação razoável, gosta de esporte, de
viajar, blá, blá, blá...
E
não é que o danado, em algumas semanas foi “visitado”por mais de duzentas
mulheres? 238, exatamente. Nem ligou quando seu colega de trabalho disse que a
“liga feminina” estava mesmo desesperada. Usou o método científico.
Rigorosamente selecionou as que eram ao mesmo tempo viáveis e interessantes
para ele. As escolhidas foram 27. Daí pensou, precisava encontrar essas
pessoalmente. Chega um ponto em que só o
“cara a cara” é que resolve.
Pacientemente, marcou jantares, almoços e outros tipos de encontro. E foi
fazendo anotações. Ficou muito bem impressionado com cinco e assim, eliminou as
outras. Tudo com muito charme e elegância. Daí ficou olhando para a cara das
cinco e se imaginando em casa com elas. Lembrava-se da voz de cada uma, dos
trejeitos e de outras coisas. De repente, uma delas começou a voltar toda a
hora para seu pensamento. Marcou mais um jantar com essa. Podia-se ver que ela
também estava feliz quando o encontrou. Ele mais feliz ainda. Disse consigo
mesmo: é essa, é essa. Ela confessou que também tinha acabado de eliminar outros
três pretendentes só pensando nele.
E
assim foi. Casaram-se e estão muito felizes e com muitos planos. Quem disse que
casamento via Internet não funciona?
Como
dizem, o futuro, definitivamente chegou. Eu só não sabia que estava andando tão
depressa assim...
ooooooOOO0OOOooooo
A crônica acima não faz parte do livro abaixo
Essa vida da gente
Para adquirir este livro no Brasil
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