O
Mateus aguarda na sala
Lisandra tinha passado uma péssima
noite. De certa forma, merecia, pois o que ela abusou da bebida foi muito além
da conta. Pelo menos desta vez, ela não misturou, ficou só no vinho. E você
sabe, o vinho é a bebida dos deuses, pelo menos dos beberrões, eu acho. Mas
como sempre diz um grande amigo meu, a bebida não é o problema. O que preocupa
é o que faz a pessoa se entregar a ela. No caso de Lisandra era o amor, ou a
falta dele. Às vezes ela se entregava a uma pessoa e não recebia nada em troca.
Outras, um coração apaixonado se declarava só para ser rejeitado por ela em
seguida. Muitas vezes ela avançava num recionamento e depois descobria que fez
a coisa errada. Acontecia também de ela se apavorar e parar repentinamente algo
que poderia se tornar uma bela paixão. Essa Lisandra não tinha jeito, pelo
menos em relação ao sexo oposto.
Na noite anterior, como disse, ela
havia exagerado no vinho. Acabou com uma garrafa inteira e avançou até a metade
da segunda. E eu digo que foi uma garrafa por educação, pois o formato poderia
ser de uma garrafa mas lá dentro havia muito mais de um litro. Não posso
afirmar que ela estava de ressaca porque ela já se acostumara tanto com a
bebedeira que praticamente não sentia efeitos secundários. Poderia ser assim
com os relacionamentos, pensava ela. Pelo menos não teria um coração partido cada
vez que conhecia um novo homem. E foi no meio desses pensamentos que, ao passar
pela sala, viu o Mateus junto à mesa. Ela pensou que tinha se livrado dele. Que
nada. Lá estava ele com sua suavidade, com sua doçura. Poderia dizer até que
ele era “róseo” mas isso talvez não “caísse bem”. A primeira vez ela fingiu que
não viu e na segunda deu uma olhada rápida e saiu ligeiramente. Trancou-se no
quarto, não queria saber do Mateus, ele já tinha atrapalhado sua vida na noite
passada. “O que ele está pensando, que pode ficar ali, como se nada tivesse
acontecido?” Se ele pensa que ela iria lá se entregar novamente, como se ele
fosse o grande caso de sua vida, engano seu, Mateus, você teve sua chance,
agora de manhã o que Lisandra quer é ficar sozinha.
Foi até a cozinha sem olhar para o
Mateus. Mas ela sabia que ele estava lá, firme, não estava tão cheio de si como
na noite passada, mas não saía do lugar. “Era teimoso esse Mateus. Ele deve se
achar o máximo, que não posso ficar sem ele. “, pensou. E ela pensou mais e
mais. Na verdade ela estava lutando contra si mesma, pensar era a única coisa
que ela não estava fazendo. Para o bem da verdade, quando se tratava de
relacionamentos, ela nunca pensava, só sentia. E o que ela estava sentindo
agora era uma atração irresistível pelo Mateus. Tão irresistível que não havia
lugar nenhum para raciocínio. Ele era aquilo de que ela mais precisava no momento.
Não adianta eu ficar aqui fazendo
suspense, você já sabe, a essa altura, que
ela não resistiu. Correu em direção ao Mateus. Sentiu seu cheiro
gostoso, agarrou-o pelo pescoço, e “acabou” com ele. Pronto, mais uma vez ela
foi devorada pela paixão. A Lisandra, mais uma vez tenho de dizer, não tem
jeito. Talvez devesse tentar um tratamento. Talvez devesse procurar a
Associação dos Alcoólicos Anônimos. Dessa vez foi o Mateus, depois não sei quem
vai ser. Antes de você ficar pensando mal da Lisandra, pelo menos mais do que
ela merece, eu devo esclarecer que o Mateus é uma marca de vinho. Um vinho
fabricado em Portugal, “rosé”, suave, doce, etc... Acho que você tinha
entendido, mas nunca é demais esclarecer.
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