Ninguém
duvida que René Descartes foi um indivíduo importante. Entretanto, apesar de
ser um grande filósofo, além de matemático e físico, é difícil dizer, pelo
menos para pessoas simples, qual a sua verdadeira importância nos tempos
modernos. Que ele foi famoso, posso garantir. Devo afirmar, porém, que sua não
menos famosa frase “penso, logo existo”, sugere hoje uma série de perguntas e
dúvidas, pelo menos para quem não é um “expert” em história da filosofia.
Antes, porém, vamos fazer um pouco de exibicionismo linguístico e informar que
em francês – sua língua – a maneira de
dizer essa frase seria "je pense, donc je suis" e em
latim, “Cogito, ergo sum”. Bonito, não
é?
Voltando ao significado da frase, uma das
primeiras objeções a se fazer é que existe muita gente que não pensa, mas mesmo
assim existe. Nem preciso dar exemplo disso, pois você certamente já viu
inúmeros casos desses e continua vendo, apesar de todo nosso avanço em todos os
campos. Além disso, sabemos que elas existem, pelo simples fato de que elas
incomodam muito a gente, por não pensarem. Outra observação que se pode fazer é
que todos esses aparelhos que temos nesses tempos modernos, ao contrário,
parecem pensar. Eles sabem o que a gente quer, o que a gente sente, e até o que
a gente está pensando. Claro que eles existem também, mas estou certo de que
não era o que Descartes tinha em mente, quando falou “existir”. Não tocou no
assunto quando escreveu seu tratado, pois, no século dezessete, como ele
poderia imaginar que esse tal de Google já iria preencher o resto da frase,
quando você começa a escrever? Como ele iria saber que um tal de Facebook iria
espalhar para todo mundo coisas de sua vida? Existem mais exemplos, mas vou
parar por aqui.
Há também o caso daquelas pessoas muito
inteligentes, sensatas, e que pensam o tempo inteiro em coisas boas para a
humanidade e ninguém nota que elas existem. Quem deveria escutá-las, não as
escuta, ou seja, na prática elas não existem. Há algo, entretanto, que vale
tanto para aquela época, como para os
tempos atuais. Não se pode falar a tal da frase ao contrário, “Existo,
logo penso”. Prova disso é que inúmeras coisas existem e elas certamente não
pensam, pelo menos não do jeito que ser humano pensa, os computadores que me
desculpem.
Finalizando, o importante mesmo é notar, que
entre as pessoas que existem mas não pensam, como indicamos há pouco, há
algumas muito importantes e poderosas. Decididamente,
não pensam, mesmo existindo. Pelo menos não pensam nos outros, embora pensem
muito em si mesmas.
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À procura de Lucas
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