Wednesday, August 31, 2016

Já pensou?



Já pensou?

Ninguém duvida que René Descartes foi um indivíduo importante. Entretanto, apesar de ser um grande filósofo, além de matemático e físico, é difícil dizer, pelo menos para pessoas simples, qual a sua verdadeira importância nos tempos modernos. Que ele foi famoso, posso garantir. Devo afirmar, porém, que sua não menos famosa frase “penso, logo existo”, sugere hoje uma série de perguntas e dúvidas, pelo menos para quem não é um “expert” em história da filosofia. Antes, porém, vamos fazer um pouco de exibicionismo linguístico e informar que em francês – sua língua –  a maneira de dizer essa frase seria "je pense, donc je suis" e em latim, “Cogito, ergo sum”. Bonito, não é?
Voltando ao significado da frase, uma das primeiras objeções a se fazer é que existe muita gente que não pensa, mas mesmo assim existe. Nem preciso dar exemplo disso, pois você certamente já viu inúmeros casos desses e continua vendo, apesar de todo nosso avanço em todos os campos. Além disso, sabemos que elas existem, pelo simples fato de que elas incomodam muito a gente, por não pensarem. Outra observação que se pode fazer é que todos esses aparelhos que temos nesses tempos modernos, ao contrário, parecem pensar. Eles sabem o que a gente quer, o que a gente sente, e até o que a gente está pensando. Claro que eles existem também, mas estou certo de que não era o que Descartes tinha em mente, quando falou “existir”. Não tocou no assunto quando escreveu seu tratado, pois, no século dezessete, como ele poderia imaginar que esse tal de Google já iria preencher o resto da frase, quando você começa a escrever? Como ele iria saber que um tal de Facebook iria espalhar para todo mundo coisas de sua vida? Existem mais exemplos, mas vou parar por aqui.
Há também o caso daquelas pessoas muito inteligentes, sensatas, e que pensam o tempo inteiro em coisas boas para a humanidade e ninguém nota que elas existem. Quem deveria escutá-las, não as escuta, ou seja, na prática elas não existem. Há algo, entretanto, que vale tanto para aquela época, como para os  tempos atuais. Não se pode falar a tal da frase ao contrário, “Existo, logo penso”. Prova disso é que inúmeras coisas existem e elas certamente não pensam, pelo menos não do jeito que ser humano pensa, os computadores que me desculpem.
Finalizando, o importante mesmo é notar, que entre as pessoas que existem mas não pensam, como indicamos há pouco, há algumas muito importantes e poderosas. Decididamente, não pensam, mesmo existindo. Pelo menos não pensam nos outros, embora pensem muito em si mesmas.


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