Arrastão, rolezinho e BBB
Não
quero ser saudosista, mas naquela época, nos anos 60, “Arrastão” era apenas uma
composição espetacular de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Claro, era também um
tipo de pesca. So décadas depois foi acrescentado o sentido figurado de “grupo
de pessoas que passa por um lugar levando carteiras, dinheiro, joias dos incrédulos
frequentadores do mesmo”.
Tenho
alguns alunos americanos que estão aprendendo Português, agora que nosso país
está tendo um “boom” econômico e que vamos ter a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Sempre lhes recomendo ler os jornais brasileiros na Internet para depois
discutirmos o assunto. Todo mundo sabe que é importante para quem aprende uma
língua, também conhecer sua cultura. Obviamente eles se depararam com a palavra
“arrastão” e, infelizmente não foi a gravação majestosa que a Elis Regina fez
naquela época. Expliquei para eles, com detalhes, o que era o “arrastão” de
hoje em dia. Claro que eles entenderam. Entenderam mas não compreenderam.
Ficaram com aquele olhar vago, distante, como quem pergunta “Existe mesmo?”, “É
isso mesmo que eu ouvi?”.
Agora,
eu mesmo estou tentando entender o que significa “rolezinho”. Acho que quase entendi, mas faltam alguns
detalhes. Espero que, quando eles me perguntarem, eu possa fazer uma pequena
dissertação. Essa língua continua sempre evoluindo, não é mesmo? Tempos
modernos...
Outro
termo que já existe há algum tempo é o tal de “BBB”. Esse eu nunca tentei entender,
mas foi de propósito, acho que, bem lá no fundo, não quero saber. Não é crítica
à cultura brasileira, não. Afinal de contas esse país daqui – o do Norte - é o
rei dos “reality shows”. Essa resistência de entrar no fundo do significado do
tal de “BBB” é uma idiossincrasia, não consigo...Se quisesse, era só ir online
e tudo ficaria esclarecido.
Existe
o outro lado da moeda. Quando pergunto para os americanos o porquê desse amor
incondicional por armas pesadas e seu vínculo com aqueles “shootings” insensatos,
eles me explicam que está na Constituição Americana. É o direito inalienável de
portar armas, argumentam eles. Mesmo você insistindo que são essas mesmas armas
que matam crianças e outros inocentes, eles explicam que... Não importa, como
eles, em relação a nós, eu entendo, mas não compreendo. Devo ficar com aquele
mesmo olhar vago de alguém que vive em outro mundo.
E
assim são as coisas. Nenhum país é perfeito. Ou ainda, como se diz por aí, cada
país tem a diversão que merece...
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