As
brigas do vovô e da vovó
Ele
ficava sentado, ali ao lado dela, enquanto ela fazia tricô. Falavam sobre
coisas banais ao mesmo tempo em que ele, ali, da varanda, olhava a paisagem. Em certo momento, ele
arriscava:
-
Você vai ficar tricotando o dia inteiro?
O
toque de irritação era quase imperceptível. Aliás, não para ela, que o conhecia
há muitos e muitos anos. Delicadamente, quase com suavidade, ela respondia:
-
Vou sim, meu amor! Você acha que eu posso?
Diante
da sutil ironia, ele se levantava e ia até
o quarto. Mexia em algumas coisas, aqui e ali. Depois caminhava até a cozinha e
bebia um copo de água. Voltava, então, para a varanda. Sentava-se e passava as
mãos nos cabelos brancos da esposa. Daí, falava:
-Está
tudo bem, meu amor?
Com
muito carinho, ela respondia:
-Está,
sim, querido, está tudo melhor agora.
Daí,
eles conversavam novamente sobre coisas distantes, sobre os netos, sobre tudo. Riso,
silêncio, riso de novo...
Assim
eram as brigas do Emílio e da Maria, o vovô e a vovó...
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