A horta de meu pai (Perus, começo dos
anos 80)
Eu
passava a mão por cima do portão e abria a tramela. Vinha sem avisar. Caminho
livre, meu dois filhos maiores, mas muito pequenos então, corriam em direção ao
fundo quintal. O lugar era Perus, na casa de meus pais. Era o começo dos anos oitenta.
Num
terreno de mais de 500 metros, meu pai tinha construído uma casa pequena,
enconstada lá no fundo, do lado direito. Queria o máximo de espaço para sua
horta, para suas plantas. E, sempre que chegava, lá estava ele, enxada na mão, cuidando dos alfaces, dos tomates, das batatas. Quando meus pequenos saíam
correndo em sua direção, porém, tudo parava. Ele largava o que estava fazendo,
levantava a cabeça, e dava um enorme sorriso. Com seu jeito simples, ficava,
embevecido, repetindo o nome dos netinhos. Era só felicidade.
Tenho
saudades daquela época feliz. Da casinha, da horta, de meus pais. Mas o que eu
não consigo mesmo esquecer, é daquele sorriso largo, aberto, que ele dava ao
ver os netinhos. Dá uma saudade no peito, uma saudade danada. Agora que tenho
netos também, eu entendo sua felicidade. Não dá para voltar no tempo, mas está
tudo na memória. Tudo, gravadinho, em 3D, com detalhes, no meu cérebro, no meu
coração.
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